A criação do Amistad foi, acima de tudo, a realização de um sonho que teve início na década de 80, quando um grupo de jovens idealistas apresentaram aquele que iria se tornar um dos principais grupos musicais da história de Angra dos Reis. O CONTOS Y CANTOS, formado por Moacir Saraiva, Fernado Grande, Márcio, Beto, Odorico Sérgio e Paulinho São Gonçalo, estreou oficialmente no dia 02 de abril de 1982 em uma emocionante (como classificou o Jornal Maré de 16/07/1982) apresentação na Igreja da Lapa. O grupo, que se preparou com muita obstinação durante três anos, começava a viajar na história com melodias que iam desde a idade média, na Europa, até a música contemporânea da América Latina. Mas foi a face andina do Contos y Cantos que mais empolgou os integrantes do Amistad a reviverem esses momentos tão marcantes. Márcio Leandro, sobrinho de Odorico Sérgio, cresceu ouvindo alguns dos compositores que frequentemente figuravam no repertório do Contos y Cantos e que foram presença obrigatória no trabalho do Amistad: Victor Jara, Violeta Parra, Uña Ramos, Oscar Valles, entre outros. Como aconteceu com o Amistad em 2005, o Contos y Cantos também sofreu uma ruptura e teve uma segunda formação (foto) que também realizou um excelente trabalho. Hoje o Amistad tem passado um período de readaptação e em poucos aspectos lembra o Contos y Cantos, mas a vontade de seguir fazendo arte de forma responsável e independente, com certeza, é a mesma.
Amistad, contato: mleandro17@hotmail.com
O Grupo Amistad nasceu em 2004, a partir do desejo de um grupo de cantores oriundo do Coro Experimental de Angra dos Reis de pesquisar e cantar músicas que marcaram a luta pela democracia durante as diversas ditaduras militares que afligiram a América Latina ao longo do Século XX.
28 outubro 2006
22 outubro 2006
Victor Jara: o menestreu da Unidade Popular
VICTOR JARA é um dos compositores que mais inspiraram a criação do Amistad. Suas canções com temáticas sociais e políticas se tornaram verdadeiros hinos contra a repressão e as injustiças sociais. O texto abaixo é de Augusto Buonicore e descreve os últimos momentos deste ícone da cultura latino-americana.
Na manhã do dia 11 de setembro de 1973 a notícia do golpe militar já havia corrido todo o país. Seguindo uma orientação da CUT chilena, Victor Jara se dirigiu apressado à Universidade Técnica para se juntar aos estudantes e professores que prometiam resistir. O Campus foi cercado por tropas do exército. A madrugada foi de terror, ouvia-se tiros e explosões por todos os lados. Os que tentaram escapar do cerco foram imediatamente abatidos. Victor buscou, então, elevar a moral dos sitiados usando a sua melhor arma: o canto.Na manhã do dia 12 de setembro os tanques iniciaram o ataque contra a universidade. Depois de uma luta desigual, os resistentes foram obrigados a se render. Reunidos no pátio, forçados a se deitarem com as mãos na cabeça, começaram a ser espancados e humilhados. A multidão foi levada até o Estádio Chile. Mal chegou ao Estádio Victor foi reconhecido por um oficial fascista que lhe disse "Você é aquele maldito cantor, não é?". Antes que pudesse responder foi barbaramente agredido e conduzido a um local especial do estádio - dedicado aos militantes mais perigosos. O destino de Victor Jara já estava selado.Os militares o levaram arrastado ao porão onde foi novamente espancado e torturado. Quando foi reconduzido às arquibancadas seu rosto estava ensangüentado e mal podia andar ou falar. O clima ali era dantesco. Muitos dos prisioneiros tinham surtos de loucura, tentavam escapar e eram executados. Outros simplesmente se suicidavam.No dia 14 de setembro os prisioneiros começaram a ser transferidos para o Estádio Nacional do Chile. Victor pressentindo que aqueles seriam os seus últimos momentos, pediu papel e caneta e no inferno escreveu o seu derradeiro poema: "Somos cinco mil/ nesta parte da cidade./ Somos cinco mil./ Quantos seremos no total/ nas cidades e em todo o país?/ Somente aqui, dez mil mãos que semeiam/ e fazem andar as fábricas./ Quanta humanidade/ com fome, frio, pânico, dor,/ pressão moral, terror e loucura!/.../ Que espanto causa o rosto do fascismo!/ (...)/ É este o mundo que criaste, meu Deus?/ Para isto seus sete dias de assombro e de trabalho?" Mal acabou de escrever seus últimos versos os carrascos vieram buscá-lo. Os companheiros de infortúnio conseguiram milagrosamente salvar o seu poema. Novamente começou a sessão de espancamento. Um oficial fascista gritou várias vezes: "Cante agora, se puder, seu filho da puta!". Victor, quase sem vida, ainda conseguiu reunir suas últimas forças para cantar a estrofe do hino da Unidade Popular, "Venceremos!". A última etapa de seu martírio começou ali mesmo.Brutalmente agredido, tendo as mãos quebradas, foi arrastado aos porões do Ginásio. Esta foi a última vez que o viram vivo. Dois dias depois seis corpos desfigurados e perfurados a bala foram achados na periferia na cidade. Um deles era do compositor e militante comunista Victor Jara.
Veja também o vídeo de Victor Jara no Perú: http://www.youtube.com/watch?v=UFCFteilx04
Amistad, contato: mleandro17@hotmail.com
Na manhã do dia 11 de setembro de 1973 a notícia do golpe militar já havia corrido todo o país. Seguindo uma orientação da CUT chilena, Victor Jara se dirigiu apressado à Universidade Técnica para se juntar aos estudantes e professores que prometiam resistir. O Campus foi cercado por tropas do exército. A madrugada foi de terror, ouvia-se tiros e explosões por todos os lados. Os que tentaram escapar do cerco foram imediatamente abatidos. Victor buscou, então, elevar a moral dos sitiados usando a sua melhor arma: o canto.Na manhã do dia 12 de setembro os tanques iniciaram o ataque contra a universidade. Depois de uma luta desigual, os resistentes foram obrigados a se render. Reunidos no pátio, forçados a se deitarem com as mãos na cabeça, começaram a ser espancados e humilhados. A multidão foi levada até o Estádio Chile. Mal chegou ao Estádio Victor foi reconhecido por um oficial fascista que lhe disse "Você é aquele maldito cantor, não é?". Antes que pudesse responder foi barbaramente agredido e conduzido a um local especial do estádio - dedicado aos militantes mais perigosos. O destino de Victor Jara já estava selado.Os militares o levaram arrastado ao porão onde foi novamente espancado e torturado. Quando foi reconduzido às arquibancadas seu rosto estava ensangüentado e mal podia andar ou falar. O clima ali era dantesco. Muitos dos prisioneiros tinham surtos de loucura, tentavam escapar e eram executados. Outros simplesmente se suicidavam.No dia 14 de setembro os prisioneiros começaram a ser transferidos para o Estádio Nacional do Chile. Victor pressentindo que aqueles seriam os seus últimos momentos, pediu papel e caneta e no inferno escreveu o seu derradeiro poema: "Somos cinco mil/ nesta parte da cidade./ Somos cinco mil./ Quantos seremos no total/ nas cidades e em todo o país?/ Somente aqui, dez mil mãos que semeiam/ e fazem andar as fábricas./ Quanta humanidade/ com fome, frio, pânico, dor,/ pressão moral, terror e loucura!/.../ Que espanto causa o rosto do fascismo!/ (...)/ É este o mundo que criaste, meu Deus?/ Para isto seus sete dias de assombro e de trabalho?" Mal acabou de escrever seus últimos versos os carrascos vieram buscá-lo. Os companheiros de infortúnio conseguiram milagrosamente salvar o seu poema. Novamente começou a sessão de espancamento. Um oficial fascista gritou várias vezes: "Cante agora, se puder, seu filho da puta!". Victor, quase sem vida, ainda conseguiu reunir suas últimas forças para cantar a estrofe do hino da Unidade Popular, "Venceremos!". A última etapa de seu martírio começou ali mesmo.Brutalmente agredido, tendo as mãos quebradas, foi arrastado aos porões do Ginásio. Esta foi a última vez que o viram vivo. Dois dias depois seis corpos desfigurados e perfurados a bala foram achados na periferia na cidade. Um deles era do compositor e militante comunista Victor Jara.
Veja também o vídeo de Victor Jara no Perú: http://www.youtube.com/watch?v=UFCFteilx04
Amistad, contato: mleandro17@hotmail.com
Uma apresentação emocionante
Sabe quando várias emoções se misturam e fica até difícil definir exatamente o que você está sentindo? Foi assim que os cinco integrantes do grupo Amistad se sentiram quando pisaram no palco do Teatro Municipal, na quinta, 21, para sua estréia. O grupo oriundo do Coro Experimental, cantou pela primeira vez num evento só deles, com um repertório escolhido por eles e para um publico muito especial.
O repertório do grupo Amistad, criado no início do ano [de 2004], é inspirado no Grupo Contos y Cantos. Os integrantes pesquisam canções, instrumentais ou não, latino-americanas e interpretam. São canções criadas nos anos 50, 60 e 70 que tem como temática [o protesto contra] a repressão da ditadura. Para isso o maestro Moacir Saraiva, que já participou do grupo Contos y Cantos, é peça fundamental na montagem do grupo Amistad. Ele participou da apresentação tocando instrumentos típicos [dos países da América Latina].
Na platéia, remanescentes do grupo inspirador se emocionaram. Isso foi sentido pelos integrantes do Amistad, já que as músicas do repertório – que contou com Chico Buarque e outros cantores [e compositores] da Argentina, Chile, Bolívia e Peru – já eram conhecidas pela maioria. Essa foi apenas a primeira das muitas apresentações do grupo. A próxima etapa será no Abraão, na Ilha Grande, em uma apresentação em dezembro deste ano.
Matéria da repórter Vanessa Valle publicada no Jornal Maré no dia 29/10/2004.
Amistad, contato: mleandro17@hotmail.com
O repertório do grupo Amistad, criado no início do ano [de 2004], é inspirado no Grupo Contos y Cantos. Os integrantes pesquisam canções, instrumentais ou não, latino-americanas e interpretam. São canções criadas nos anos 50, 60 e 70 que tem como temática [o protesto contra] a repressão da ditadura. Para isso o maestro Moacir Saraiva, que já participou do grupo Contos y Cantos, é peça fundamental na montagem do grupo Amistad. Ele participou da apresentação tocando instrumentos típicos [dos países da América Latina].
Na platéia, remanescentes do grupo inspirador se emocionaram. Isso foi sentido pelos integrantes do Amistad, já que as músicas do repertório – que contou com Chico Buarque e outros cantores [e compositores] da Argentina, Chile, Bolívia e Peru – já eram conhecidas pela maioria. Essa foi apenas a primeira das muitas apresentações do grupo. A próxima etapa será no Abraão, na Ilha Grande, em uma apresentação em dezembro deste ano.
Matéria da repórter Vanessa Valle publicada no Jornal Maré no dia 29/10/2004.
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